sábado, março 20, 2010

Memórias de um balão

Era um balão de fundo branco e raiado de muitas cores em tons mortos, quase nem parecia um balão de criança se fôssemos comparar com os balões de hoje.

No "meu tempo" já havia balões (só para distinguir dos tempso de outro mais antigos que eu) que não tinham nada que ver com a variedade dos balões de hoje: seja em forma, cores, tamanhos, locais de venda e ocasião - sim, no "meu tempo" ter um balão era deixado para ocasiões especiais.

Lembrei-me de um episódio muito antigo da minha infância - e fiquei contente, porque de pouca coisa me lembro de quando era múda no que toca a certos factos.

Por altura do Natal fomos à baixa pombalina. "Fomos" eu deduzo que era os meus pais, eu e o meu irmão porque não me lembro de quem ia - lembro-me só que eu ia.
Lembro-me das luzes, lembro-me das castanhas a assar, do cheiro no ar, do escuro da noite.

Lembro-me de vir no comboio com o meu balão preso no pulso e com cuidado para bater em sítio nenhum para não rebentar.

Lembro-me de o balão ter sobrevivido o caminho todo, de ter subido o elevador, de ter chegado ao 4º andar e de ir às cavalitas do meu pai (devia ser...)

Lembro-me de ter tido tanto cuidado e de o balão ter sobrevivido o caminho todo e de enquanto se abria a porta ter batido na parede - que era forrada a areia de vidro - e de não ter entrado em casa inteiro.

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