sexta-feira, maio 29, 2009

A minha primeira vez*

Eu - Thunder, estou a ver tão mal! Na loja via bem, que é que se passará? Vejo tudo desfocado!

Ele - V. M, tira os óculos...



*1ª vez das lentes de contacto, suas mentes preversas!

quinta-feira, maio 28, 2009

No túnel do Rossio

Quando era miúda e andava de comboio era sempre para ir a Lisboa e pensava que Lisboa era um lugar muito mágico.

Por um lado tinha muuuuuitas pessoas, muuuuuuuitos carros, tinha gelados, tinha bolos bons, tinha balões!, tinha homens a vender castanhas assadas... tinha semáforos, tinha prédios muuuuito altos, tinha um castelo, tinha autocarros amarelos, tinha eléctrico, tinha ascensores, tinha muuuitas ruas e as pessoas perdiam-se, por isso era um lugar mágico!

Também era um lugar especial, porque de vez em quando dizia-se dia "x" temos que ir a Lisboa.
Havia data marcada para ir a Lisboa. Era como o Natal e o ano novo e o aniversário tinha data marcada logo era especial.

E por ser um sítio mágico e especial tinha uma entrada mágica e especial, pelo menos para mim que achava que só se entrava em Lisboa por ali: um túnel!

Então eu achava que todas as pessoas, para entrarem naquele lugar mágico e especial, tinham que passar pelo túnel, era como uma espécie de portal.
No túnel ficava sempre escuro: acendiam-se as luzes no comboio e quando eu olhava pela janela estava rodeada de tijolinhos todos pretos.

E vai daí que a "boa" da Vanda Maria deitava-se e dormia: era de noite, era para dormir. E quando acordasse estava no sítio especial!

domingo, maio 24, 2009

Em casa

Esta lembrei-me por me ter lembrado da outra.

Já não me lembro que idade teria eu e a Carlota Joaquina, uns 16? 17? Os prédios onde morávamos eram quase porta com porta e certa tarde logo a seguir ao almoço toca-me ela à campaínha muito aflita:

- Tens que ir a minha casa quando o meu pai for embora!
- O que se passou?
- Tens que ir tirar o D. do armário!
- O quê?
- Tens que lá ir!!
- Eu vou!


E lá fiquei eu numa agitação brutal. Sempre à janela a ver quando é que o pai dela saía de casa para o trabalho. Assim que o pai dela se pirou peguei nas chaves de casa dela e lá fui.

Entro no prédio dela e imaginava o cenário Psico-ano que estaria a casa dela. Eu imaginava sangue por todo o lado. Eu imaginava o D. todo esventrado e polícia e ... bem, filmes a mais. Mas convenhamos: ir a casa de alguém salvar outro alguém não é propriamente normal, né?

Conforme meto a chave à porta tudo silencioso e calmo.

Receio. Receio de quê? Sei lá, receio!

Entro em casa, tudo arrumado. Que sensação horrível a de estar a entrar em casa de alguém assim. Parecia que estava a invadir o sossego daquela casa, ainda que estivesse a andar em pézinhos de lã e não tivesse emitido um som.

Espreitei tudo. Tudo calmo, quieto. Meia luz, temperatura amena, nada de cenários dantescos.

Entro no quarto dela, pezinhos de lã, e tudo calmo... uma calma e serenidade medonhas...

Bato numa porta do armário, nada. Bato noutra, nada, bato noutra, nada. Chego à última e em vez de bater abro.

Ai cada vez que me lembro só me dá vontade de rir: o D. sentado de joelhos contra o peito e cabeça enfiada entre eles, mãos em volta da cabça, uma posição totalmente protectora para alguém completamente vulnerável.

Disse-lhe: podes sair. Mas o rapaz estava tão em pânico que acho que nem ouviu. Nem quis beber água nem nada, só queria sair lá de casa. Combinámos sair à vez para ninguém ver que íamos juntos, não fossem desconfiar, certo?

Pobre D.!

Ao telefone

Esta lembrou-ma o Thunder há um bocado.

Aqui há uns anos uma amiga minha estava com uns arrufos com o namorado (hoje ex-namorado).
Íamos as duas sair no carro dela, toca o telefone, ela pede para eu ver quem é, eu vejo e digo: é o R.
Ela diz para eu atender e eu atendo com um "Estou?". Do outro lado responde ele com um precipitado "Deixa-me falar até ao fim", começa a desbobinar e eu corto-lhe a palavra e digo "R. ..." e ele diz logo e corta a minha palavra: "Não, não me vais interromper, deixa-me falar até ao fim".
E eu a tentar dizer que era eu e mal abria a boca ele cortava logo.
Fez ali uma declaração de amor, coisa profunda, só não tinha flores porque era ao telemóvel e no fim ele diz: "Podes falar".
E eu digo: "R., estava a tentar dizer-te que quem atendeu foi a Vanda..."

sábado, maio 23, 2009

Memória de gafanhotos (2)

(Esta memória tem outras nuances por trás, engraçadas, coisas que se poderiam ter dito e não foram, coisas que ficaram encerradas e mais tarde, só mais tarde, foram faladas...)


Estava na Festa do Avante, 1996, muita paz e alegria e harmonia e grupo de amigos grande (enooooorme).

A dada altura um gafanhotito saltitava alegremente (trá-lá-lá, festa do avante, que fixe, trá-lá-lá, viva a carvalhesa) ao pé de nós e conversa puxa conversa,
- ai um gafanhoto
- que giro
- giro? sim, giro, sou capaz de o apanhar
- não és nada
- sou, olha
- ai que nojo!
- nojo era pô-lo na boca
- não eras capaz

E strau! Nem disse que era, pus logo.

Diz o Thunder horrorizado: havias de ser minha namorada, nunca mais te dava um beijo...


Cerca de 20 dias depois pude perguntar-lhe qual era a sensação, ahahahah

Memória de gafanhotos (1)

Era eu miudinha assim para os meus 6 ou 7 anos. Estava no quintal do meu avô materno a fazer sei lá o quê e andavam por lá uns gafanhotos. A mim pareciam bem grandes.

Sei que estava distraída a ver qualquer coisa e senti algo a ser posto dentro da minha camisola.

Perguntei ao meu avô o que era. Nada, disse ele. Mas este avô não era igual ao outro. Se o outro dizia "nada" então eu podia confiar.

Nem tive tempo de pensar quando comecei a sentir qualquer coisa a saltar entre a minha pele e a camisola.

Éramos dois aflitos: eu e o gafanhoto.

E o meu avô a rir. Bolas!

segunda-feira, maio 18, 2009

O pequeno almoço na casa dos avós

A avó E. foi uma pessoa rígida, com um mau feitio desgraçado, era danadinha para arranjar conflitos - que os adorava!

Também era uma pessoa, sejamos francos, má. Não era má pessoa, era uma pessoa má.

Toda a minha vida com ela (até aos 10 / 11 anos eram os 3 meses de Verão e a Páscoa e depois dos 13 foi até casar, todo o santo dia) comi pão duro, ela comprava pão que sobrava para o dia seguinte e no dia seguinte comprava mais pão ainda mas não podíamos comer o pão fresco acabado de comprar, só podíamos comer o pão da véspera (ou antevéspera ou até antes e se tivesse bolor não fazia mal: o que não mata engorda).

Como "para grandes males grandes remédios", aqui a espertinha da menina ia sempre comer para o quintal, para ao pé do Jota, o cão. Bebia o leitinho todo na cozinha (para não entornar, 'vó, e como o pão lá fora) e saía a correr para o quintal. Para ao pé do Jota, pois.

E às vezes nem o Jota queria o pão. Lá tinha eu que pegar no pão com manteiga e atirar às galinhas.

Morangos

Eram uns morangos assim muito pequenos que cresciam por baixo das folhas do morangueiro e que todos os dias ele ia ver como estavam.

Apareciam muito verdes, peludos e pequeninos e iam crescendo sem nunca ficarem do tamanho dos da loja.
Mas também quem se importava? Eu não, que me fartava de os comer mesmo quando aparecia ela a ralhar furiosa.

Mas ele piscava sempre o olho e assim que ela virava costas lá ia mais um.

domingo, maio 17, 2009

O vestido

Há certas coisas que associo sempre a outras.

Por exemplo, é impossível estar a arranjar morangos e não me lembrar de V. N. Milfontes e da minha infância.

E hoje enquanto arranjava uns moranguitos lembrei-me daquele episódio em que os meus pais, ainda casados, iam sair connosco numa tarde qualquer. Devíamos ir a casa dos primos de Sines? Santo André?

Não me lembro onde íamos, mas lembro-me que aqui a Vanda Maria já tinha tirado os calções estafados, o boné e ja tinha arrumado a bicicleta.

A minha mãe tinha-me já composto com um vestidinho - vestido que engraçadito, feito pela minha outra avó - e penteado o cabelo, eu até parecia um anjinho... quase, quase.

Impaciências de criança e o vamos ou não? habitual e eu e o meu irmão saímos para ir brincar mais um bocadinho enquanto os "crescidos" não arrancavam.

Lembro-me nitidamente da minha mãe recomendar cuidado com o vestido, não te sujes!.

Também me lembro de ir apanhar umas lindas amoras. De comer umas e de querer trazer outras. Para a mãe, o pai e os avós, claro.

Lembro-me de serem tantas amoras que não cabiam nas minhas mãos pequenas de 6 ou 7 anos. Vai daí que quando não couberam mais nas mãos peguei na borda do vestido, puxei para cima e toca de o encher de amoras.



Não preciso dizer os resultados, pois não??

sexta-feira, maio 15, 2009

Sonhos recorrentes

Antes de casar costumava ter um sonho que não tendo absolutamente nada de monstruoso era aflitivo para mim.

Costumava eu sonhar muito com elevadores. Desde miúda (e no prédio onde "nasci" e cresci havia elevador).

Havia duas versões: a do elevador que de repente ficava hermeticamente fechado e eu não podia sair e a do elevador que passava o meu andar (o prédio só tinha 5 e eu morava no 4º) e não parava nunca de subir...

Deve ter sido por causa destes sonhos que eu aprendi a acordar na hora "H".

Desde que casei que não sonho com elevadores, apesar de os elevadores do meu prédio estarem sempre a avariar. E curiosamente não me causa aflição nenhuma ficar fechada num.

Ólha!

Faz hoje anos que me tornei oficialmente filha do Deus cristão.

Momentos HP Photosmart M22 - para mais tarde recordar




Contra todas as expectativas (as nossas e as da treinadora) o Pootchie está a ser um verdadeiro exemplo, não só para o Jack (o seu coleguinha rottweiler de 8 meses) como para muitos outros que têm cães e... filhos.

Porquê para quem tem filhos? Frequentemente ouço pais de crianças com 2, 3, 4... 10 anos que dizem "não sei o que hei-de fazer com ele, já não há remédio". Eu tenho um cão com quase 10 anos e estou a investir no seu treino, tardiamente, é certo, mas não me encostei ao popular "burro velho não aprende línguas".

Ontem ficaram registados alguns momentos de verdadeiro deleite para nós, incrédulos e claro... donos babados!


*A última foto está em negativo para ss perceber melhor porque foi tirada à sombra.

terça-feira, maio 12, 2009

Hoje de manhã fui a casa do meu pai, precisei entregar-lhe umas coisas.

Foi curioso, nada naquela casa me traz sensação nenhuma. Também quase nada naquela casa está como quando eu saí. Mas mesmo assim não há ali nada que me faça sentir o que seja. E não é por falta de recordações, acreditem.

segunda-feira, maio 11, 2009

11 de Maio de 1975

A igreja até podia estar iluminada mas a cerimónia passou-se num registo civil.

A família podia até estar piurça mas consta lá sorridente nas fotos que sobraram, hoje guardadas por mim.

O dia até devia estar lindo mas a tonalidade que varia em todos os tons de cinzento entre o preto e o branco não deixa perceber se o dia foi radioso ou só luminoso.

Eu já lá estava mas ninguém me via.

Foi há 34 anos que eles deram o nó. Ela iniciava o sonho de se casar com ele e constituir família - numerosa de preferência.
Ele... bem, só ele saberá porque se contou a alguém o que este dia significou para ele ninguém até hoje se descoseu.

Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. E a felicidade do que faz hoje 34 anos que aconteceu pouco durou e o mal que daí veio acabou por acabar.

Caganita atómica - Latest news

Hoje ao chegar a casa à hora de almoço estava a ladrar (como hábito) e atirou-se aos saltos para mim (como é hábito) a mordiscar (como começa a ser hábito).
Como descobriu 6ª que as calças são resistentes agarrou-se à camisola e não largou senão quando rasgou.

Ó dr, é suposto ignorar isto também?



(Edit: Soma-se à despesa:
- 3 camisas
- 1 camisola
- 1 cadeira da sala
- 1 lençol
- 2 cintos
- 1 tampa de gaveta de máquina de lavar
- 1 gaveta de consola de apoio)