quarta-feira, julho 29, 2009

(Claro que este blog trata apenas das minhas memórias. Acontecimentos na maioria partilhados por muita gente mas relatados como eu os recordo, porque é disso que são feitas as recordações: vivemos momentos, guardamos memórias.
Nem uma reportagem faz um relato "fiel" e por muito que uma fotografia ou um vídeo "congelem" determinado acontecimento de certeza que 10 pessoas recordarão o mesmo momento de 10 formas diferentes.

Isto para dizer que, por exemplo, do casamento do meu pai eu guardarei um tipo de recordações e ele, a minha I., o meu irmão, todos os outros guardarão outras.

É por isso que são recordações: são nossas.)

Memória de casamento

Parabéns ao meu pai e à minha I. que fazem hoje 23 - vinte e três - anos de casados!

Chiça, 23... caraças!

Quase não me lembro do casamento: foi em casa e estavam amigos e familia muito íntimos. Lembro-me de ter furado as orelhas para levar brincos...

Eu tinha 10 anos.

Foi o re-início da minha vida. Um deles.

Parabéns pai e I., que celebrem com saúde e companheirismo muitos mais anos de casados

terça-feira, julho 21, 2009

Sinaléticas

Foi no dia 5 de Setembro de 1996, véspera da festa do Avante, que falei com uma amiga acerca d meu interesse no Thunder. Eu sabia que ela tinha estado interessada nele e não sabia bem em que ponto as coisas estavam e como festa aproximava-se eu precisava saber se, falando bem e depressa, a costa estava livre.

Ela pareceu ter ficado meia surpreendida e o comentário foi «se o teu problema sou eu por mim tens luz verde!»

Não preciso dizer que saí da nossa conversa com uma nova perspectiva do que seria a festa desse ano.

E ... chegados à festa ...


É que nem sinal amarelo. Foi do verde direitinho a vermelho.

quinta-feira, julho 16, 2009

Da morte e da vida

O tio 'N. morreu.

Não que eu tenha grandes e maravilhosas memórias com ele. Nada disso. Nem muitas, nem longas nem boas ou más. Partilhámos alguns momentos escassos em que as nossas vidas se cruzaram.

Creio que até ao meu casamento há 9 anos atrás não tinha grande ideia formada acerca dele, além de que era o irmão do meu avô. É a pessoa que mais recordo no meu casamento, foi um verdadeiro motor de energia, inesquecível. Nesse dia comecei a vê-lo de outro modo, não era apenas aquele parente que está relacionado por partilhar um elo de DNA lá refundido no fundo de um qualquer cromossoma afastado, era um dos elementos que se juntam a outros para ser aquilo que somos, uma família.

Ontem, inesperadamente, morreu. Um enfarte de miocárdio fulminante, dizem. Uma coisa ssim que ninguém esperava.

E aconteceu assim fulminantemente a única coisa que temos a certeza nesta vida que nos vai acontecer: a morte.
E aconteceu assim para ele separar-se da vida, fulminantemente, sem que ninguém tivesse tempo de se separar dele.

quinta-feira, julho 09, 2009

Alinhamento de concerto

O concerto de Depeche Mode está a chegar e uma pergunta paira sobre a minha cabeça: qual será o alinhamento? Irão tocar muito material antigo? Como será?

Acho que são perguntas normais, a curiosidade é uma coisa tramada. E a vontade de voltar a ouvir temas antigos ao vivo ainda maior.

Estava pretsas a ir procurar o alinhamento dos concertos que têm dado mas parei a tempo. Lembrei-me de quando vieram cá os A Perfect Circle, ao coliseu de Lisboa. Ficámos junto à mesa de som e dei uma escapadinha antes do concerto começar para ver o alinhamento. Fiquei felicíssima da vida. Todas as músicas que estavam no alinhamento eram as que eu gostaria de ouvir (ok, tirando a "The nurse who loved me"), fiquei contentinha, sim.

Entretanto o concerto ia decorrendo e eu nas minhas 7 quintas. Até que chegou à última (já não me lembro qual era). Enquanto todos os que não sabiam o alinhamento estavam todos contentinos a ouvir mais uma eu sabia que era a última.

E foi assim que nunca mais quis saber de alinhamentos nenhuns. Mais vale ficar curiosa.

terça-feira, julho 07, 2009

Mais uma da avó paterna

Certo dia e já não sei bem a respeito de quê, a meio de uma conversa sai-se a minha avó com esta:

- Eu não sou racista: acho que devíamos ser todos brancos.


E pronto. Ficámos sem saber se havíamos de rir ou não!

segunda-feira, julho 06, 2009

Reciclagem

Lembro-me que as primeiras "febres" da reciclagem apareceram quando eu teria os meus 10/11 anos, qualquer coisa por aí mais ano menos ano.

Lembro-me dos slogan "Vidro velho vira novo" e que o vidrão era um contentor arredondado verde para o vidro de cor e branco para o vidro transparente.
Era capaz de jurar que foi recebido com vergonha e desconfiança, e que as pessoas olhavam de lado para "aqueles comunistas, olhem práquilo, aqueles monstros em cima do passeio se tem algum jeito, olhem bem aqueles caixotes do lixo, mania das ecologias" que se atreviam a ir deitar qualquer coisa no vidrão.

Era difícil convencer pais e avós a porem garrafas num saco à parte, lembro-me de muitas vezes ir ao lixo às escondidas para tirar os vidros e pôr no vidrão.
Também era difícil fazer compreender que o vidrão era apenas para isso, para o vidro e não para deitar papéis oulatas ou o que fosse.

Não, por muita publicidade, por muitos alertas, por muito tudo as pessoas simplesmente não estavam preparadas para acolher o espírito da reciclagem.

Depois do meu avô morrer a minha avó foi morar para nossa casa, e começou a pôr no lixo as garrafas que eu separava. E começou a querer ser ela a levar o lixo, fazia parte das coisas que ela precisava fazer por ela mesma, mais para se sentir útil que para outra coisa.

Foram meses (até anos) de"guerra": ela a pôr as garrafas no lixo, eu tirar, eu a vigiar o caixote, ela que levava os dois sacos individualizados para não termos guerras mas depois deitava tudo no lixo na mesma... até que um dia perguntei-lhe e fez-se luz:

- Ó 'vó, porque é que te custa tanto deitar as garrafas no vidrão?
- Coisas minhas.
- Mas 'vó: não chegas lá? É pesado? O que é? Antes eu levava, depois quiseste ser tu a levar mas misturas tudo, ao menos deixavas-me eu levar!
- Olha, queres mesmo saber?
- Quero.
- Eu deitava como tu me disseste. Eu deitava, pois deitava. Até que descobri que aquilo não serve para nada.
- Não serve para nada??
- Não. No outro dia aquilo estava vazio, eu deitei a garrafa e ela partiu-se no fundo. Assim todas partidas já não dá para encher outra vez!

Explicar não só como se usam as coisas mas como é que elas funcionam pode fazer toda a diferença.


Sim, depois de eu lhe explicar o processo ela recomeçou a levar as garrafas para o vidrão.

sexta-feira, julho 03, 2009

Épocas de esperança

Há 2 anos tinha passado um dia do início de um processo de esperança.

O ano passado faltava um dia para iniciar um novo processo.

Este ano falta data. Há que criar esperança para a esperança.