Lembro-me que as primeiras "febres" da reciclagem apareceram quando eu teria os meus 10/11 anos, qualquer coisa por aí mais ano menos ano.
Lembro-me dos slogan "Vidro velho vira novo" e que o vidrão era um contentor arredondado verde para o vidro de cor e branco para o vidro transparente.
Era capaz de jurar que foi recebido com vergonha e desconfiança, e que as pessoas olhavam de lado para "aqueles comunistas, olhem práquilo, aqueles monstros em cima do passeio se tem algum jeito, olhem bem aqueles caixotes do lixo, mania das ecologias" que se atreviam a ir deitar qualquer coisa no vidrão.
Era difícil convencer pais e avós a porem garrafas num saco à parte, lembro-me de muitas vezes ir ao lixo às escondidas para tirar os vidros e pôr no vidrão.
Também era difícil fazer compreender que o vidrão era apenas para isso, para o vidro e não para deitar papéis oulatas ou o que fosse.
Não, por muita publicidade, por muitos alertas, por muito tudo as pessoas simplesmente não estavam preparadas para acolher o espírito da reciclagem.
Depois do meu avô morrer a minha avó foi morar para nossa casa, e começou a pôr no lixo as garrafas que eu separava. E começou a querer ser ela a levar o lixo, fazia parte das coisas que ela precisava fazer por ela mesma, mais para se sentir útil que para outra coisa.
Foram meses (até anos) de"guerra": ela a pôr as garrafas no lixo, eu tirar, eu a vigiar o caixote, ela que levava os dois sacos individualizados para não termos guerras mas depois deitava tudo no lixo na mesma... até que um dia perguntei-lhe e fez-se luz:
- Ó 'vó, porque é que te custa tanto deitar as garrafas no vidrão?
- Coisas minhas.
- Mas 'vó: não chegas lá? É pesado? O que é? Antes eu levava, depois quiseste ser tu a levar mas misturas tudo, ao menos deixavas-me eu levar!
- Olha, queres mesmo saber?
- Quero.
- Eu deitava como tu me disseste. Eu deitava, pois deitava. Até que descobri que aquilo não serve para nada.
- Não serve para nada??
- Não. No outro dia aquilo estava vazio, eu deitei a garrafa e ela partiu-se no fundo. Assim todas partidas já não dá para encher outra vez!
Explicar não só como se usam as coisas mas como é que elas funcionam pode fazer toda a diferença.
Sim, depois de eu lhe explicar o processo ela recomeçou a levar as garrafas para o vidrão.
Lembro-me dos slogan "Vidro velho vira novo" e que o vidrão era um contentor arredondado verde para o vidro de cor e branco para o vidro transparente.
Era capaz de jurar que foi recebido com vergonha e desconfiança, e que as pessoas olhavam de lado para "aqueles comunistas, olhem práquilo, aqueles monstros em cima do passeio se tem algum jeito, olhem bem aqueles caixotes do lixo, mania das ecologias" que se atreviam a ir deitar qualquer coisa no vidrão.
Era difícil convencer pais e avós a porem garrafas num saco à parte, lembro-me de muitas vezes ir ao lixo às escondidas para tirar os vidros e pôr no vidrão.
Também era difícil fazer compreender que o vidrão era apenas para isso, para o vidro e não para deitar papéis oulatas ou o que fosse.
Não, por muita publicidade, por muitos alertas, por muito tudo as pessoas simplesmente não estavam preparadas para acolher o espírito da reciclagem.
Depois do meu avô morrer a minha avó foi morar para nossa casa, e começou a pôr no lixo as garrafas que eu separava. E começou a querer ser ela a levar o lixo, fazia parte das coisas que ela precisava fazer por ela mesma, mais para se sentir útil que para outra coisa.
Foram meses (até anos) de"guerra": ela a pôr as garrafas no lixo, eu tirar, eu a vigiar o caixote, ela que levava os dois sacos individualizados para não termos guerras mas depois deitava tudo no lixo na mesma... até que um dia perguntei-lhe e fez-se luz:
- Ó 'vó, porque é que te custa tanto deitar as garrafas no vidrão?
- Coisas minhas.
- Mas 'vó: não chegas lá? É pesado? O que é? Antes eu levava, depois quiseste ser tu a levar mas misturas tudo, ao menos deixavas-me eu levar!
- Olha, queres mesmo saber?
- Quero.
- Eu deitava como tu me disseste. Eu deitava, pois deitava. Até que descobri que aquilo não serve para nada.
- Não serve para nada??
- Não. No outro dia aquilo estava vazio, eu deitei a garrafa e ela partiu-se no fundo. Assim todas partidas já não dá para encher outra vez!
Explicar não só como se usam as coisas mas como é que elas funcionam pode fazer toda a diferença.
Sim, depois de eu lhe explicar o processo ela recomeçou a levar as garrafas para o vidrão.
5 comentários:
Pois é, se fizermos as coisas sem perceber porquê, perdemos bons hábitos por os achar inúteis.
A verdade é que não se explica o processo posterior devidamente.
Olá!
Olha já me ri...o comentário da tua avó, foi demais:=)
beijocas
boa semana
Pois é *recious, convinha explicar como se processa a reciclagem para as pessoas perceberam o que está em jogo, não é só dizer que é bonito e a cidadania e coiso.
MFJ, a minha avó tinha umas saídas fantásticas. Só por causa disto lembrei-me de outra, eheheh, vou escrever.
O pá!!!!
Que delicia... adoro estas saídas tão típicas e sem malícia que só as avós têm!
Bêjoa
Este é um verdadeiro post de utilidade.
:D
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