quarta-feira, abril 15, 2009

15 de Abril de dois mil - 2º take

Apesar de estar a morar com o Rui há um ano e de ter morado desde os 12 com o meu pai saí de casa da minha mãe que ela fez questão.

A minha mãe acordou-me pelas 7h da manhã. Eu dormi que nem um calhau depois de ter tomado tudo e mais alguma coisa para atacar a gripe que apareceu na véspera. Sinceramente? Tinha dado tudo para ficar mais uns minutinhos na ronha...

Banho. Cabeleireiro. Visitas a chegar. Vestir vestido. Irmão e futura cunhada a ir para casa do futuro sogro porque foram padrinhos do noivo e iam tirar fotos com ele. Irmão e cunhada a chegar a casa à queima para tirar fotos comigo.
Fotógrafo a ensinar-me a andar com o vestido. Mais convidados. Mais fotos. O meu pai foi a casa da minha mãe 16 anos depois. Fiquei feliz, sim.

Saída para a igreja, levada pelo pai (um fez questão que eu dormisse, o outro de me levar.) Chuva e mais chuva e mais chuva.
Ficar à porta da igreja à espera que o casamento anterior acabasse. Seguir instruções do fotógrafo para a entrada na igreja.
Entrar de braço dado ao meu pai e ver ao fundo o meu noivo. Sentir a expectativa dos convidados.

Chegar ao altar e o padre ainda estar a preparar-se. Fazer conversa de circusntância com o meu noivo: "Olá, tudo bem? Então, por aqui?"

Casar. Dizer "Sim" e relembrar de um modo muito especial os que não puderam fisicamente estar presentes na cerimónia por terem falecido. O texto que eu e ele escrevemos.

Mais fotos. Arroz. Frio, chuva, vento e frio e chuva e vento. Querer fumar um cigarrito e ser solicitada para todas as fotos. Sorriso congelado na cara, já não saía. Copo-de-água. Confusão "normal", creio.

Pedir "Por favor, pode sair de cima do meu vestido para eu andar?".
Ter o pai a comentar com um amigo "Daqui a nada vai calçar as botifarras dela". Levantar o vestido e mostrar "Pai, foi a 1ª coisa que fiz foi tirar aqueles sapatos horrorosos".

Quase não ter sossego para comer. Dar a volta por todas as mesas. Rezar para que na mesa dos noivos, a maior que já vi (incluía as 2ª esposas dos nossos pais), tudo corresse bem e que nenhum convidado se lembrasse de pedir beijos entre os pais.

Esquivar ao leilão da noiva. Bahhhhhh. Não gosto dessa parte nos outros casamentos e não quis no meu.

O dia a passar a correr. Pagar. Sair. Ir a casa. Vestir uma camisola quentinha por cima do vestido. Ir até à Estalagem Solar dos Mouros onde passámos a nossa primeira noite de casados. Entrar ao colo como nos filmes. De vestido, botas Docs e camisola.

Tirar o vestido e perceber que nem tudo é um conto de fadas. Quilos e quilos de arroz cairam no chão. Ganchos no cabelo que nunca mais acabavam. E muitas bolhas por causa de faixa de aderência das meias de liga à perna.


Inesquecível. Mas não vá o Alzheimer visitar-me fica aqui tudo registadinho.

3 comentários:

mimanora disse...

Estes dias passam a correr;)
Oxalá o ditado "casamento molhado, casamento abençoado" seja verdade!
Parabéns aos 2:)

Precious disse...

Fizeste bem em preservar a memória, a verdade é que, por muito boa que seja a memória, alguns pormenores dissipam-se com os anos.

Fatima disse...

Olha e que bem registadinho fica.
Tudo muito bem!
O meu já foi há tantos anos.... mas ainda continuo com o mesmo namorado.